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Sorato alertava Thalles sobre sua vida extracampo


A morte de Thalles chocou todos nós na manhã deste sábado, principalmente por um jogador tão jovem perder a vida da forma que foi. Mas, todos nós sabíamos que o mesmo poderia ir muito além na carreira (a questão do peso era uma, pois me lembro muito bem em 2016 o trabalho que o Jorginho tinha feito para que o jogador emagrecer-se).

Em matéria publicada no Globo Esporte, Sorato (o treinador de Thalles quando fazia parte das categorias de base sub-17) revelou que chegou a ter uma conversa muito séria com o jogador quando ele já tinha alcançado os profissionais. O motivo seria uma foto do jogador que circulou na imprensa.

Uma vez que já estava no profissional vi que rodou uma foto pela imprensa com ele na noite. Peguei o telefone e liguei para ele. Dei uma chegada mais firme, ele me respeitava bastante, é difícil. Ele falou: "Não professor, o que é isso, pode ficar tranquilo, estou me dedicando!". Eu falei: "Cara, pô, não entra nessa. Você é novo, está chegando agora, tem um potencial enorme. Tem potencial para jogar em clube top da Europa. Já estreou bem no profissional. Foca nisso! De uma hora para outra você vai subir, tem potencial para isso. O que você já ralou para chegar aqui...

Ele falava: "Não, professor, fica tranquilo, vou me dedicar". Mas aí, não é cara... Infelizmente, a gente faz algumas escolhas e as consequências são terríveis. Não que ele não pudesse se divertir, estava de folga... É uma pena, realmente.

Ainda na matéria, o técnico lembrou da época em que o jogador tinha sido promovido para a categoria sub-20:


Quando fui para o Vasco, ele ainda estava no Sub-17. Já começava a ter um certo destaque, mas jogava de uma forma diferente, como segundo atacante. Quando ele foi promovido para o Sub-20 o coloquei como um atacante de referência, o centroavante de área, pelo porte físico, pela qualidade, boa proteção de bola, finalizava razoavelmente bem e estava trabalhando bastante isso. E a partir daí ele começou a evoluir muito rápido. Fez uma competição muito boa em 2013, a Taça BH que a gente acabou sendo campeão. Depois dessa competição, ele foi convocado para a seleção brasileira Sub-20, então a gente via muito potencial nele. Acabou que subiu rápido para o profissional também e ficou direto.


O Dorival perguntou se eu não tinha um centroavante, expliquei a situação, e quando foi para o profissional nunca mais voltou. Então era um garoto que se dedicava realmente, tinha uma entrega nos treinamentos, nos jogos, era um garoto que fez umas partidas comigo no Sub-20 que venceu os jogos realmente.

Mas disse que houve mudança quando Thalles se tornou jogador profissional:

Quando subiu, comecei a ter algumas notícias que estava indo por um caminho que não seria legal. Mas era um garoto muito comprometido com o time, com o clube, com o trabalho. Estou meio passado ainda de acordar com essa notícia. Muito difícil. A gente sabia que extracampo estava num caminho complicado pelas notícias que a gente ouve, mas era muito novo, teve uma ida para o Japão, deu uma amadurecida, estava em um bom clube agora que é a Ponte Preta. Difícil, estou meio aéreo, uma pena mesmo. Tinha filho pequeno, a vida toda pela frente, a carreira toda pela frente, tudo interrompido de maneira trágica.


Comigo, comportamento, dentro da base, no momento de definição, ele foi muito comprometido com a carreira e com o trabalho. Tanto é que atingiu o objetivo. Era um cara que você podia contar em qualquer momento, não se escondia do jogo, era um jogador de personalidade. Guardadas as proporções, na base ele lembrava um Drogba, pela força física, pelo porte físico, pela qualidade técnica. A família deve estar arrebentada com essa situação toda.

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